quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sobre a estética nos textos

Fato. A estética nos textos hoje em dia é algo de extrema importância. Esses dias encontrei dois sonetos numa academia decididos a chegar ao próximo verão com pelo menos um terceto a menos.
As crônicas agora andam de cabelos alisados e já não são mais tão verdadeiras, os textos jornalísticos recusam-se a usar ternos que não sejam de alta costura.
As dissertações se enchem de penduricalhos, jóias e metáforas por todo o corpo. As descrições se fartam de Dolce e Gabanna e passam a maior parte do tempo tentando conquistar os poemas, mas esses nem dão bola, por sua vez correm atrás dos textos de blog. Estes sim lançam moda, todos os textos querem ser os tops da internet.
Estética textual é tudo.
Hoje bons livros não são nada sem boas capas e desfilam pelas melhores prateleiras das melhores livrarias do circuito mundial. Antes os Best Sellers duravam pela eternidade a fora, hoje não chegam aos dez anos de carreira, o sucesso de hoje é o calço de mesa de amanhã. Bons livros depois de cinco anos já não são nenhuma Gisele, acabam no mundo das drogas, se enchem de figuras de linguagem, gírias. Uma tristeza.
Para entrar em forma, cada vez mais os livros se enfiam em dietas loucas, hoje são magérrimos. Os de mais de cem páginas já podem ser considerados obesos e nem encontram capas em qualquer loja. Acabam se tornando freqüentadores de brechós de mal gosto para tamanhos especiais.
Livro bom é livro anoréxico.
Estética é tudo.
Saldemos a literatura metrossexual.

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